Os Sete Brados da Cruz

É importante ressaltar, que o Senhor nunca produziu palavra alguma, se não fosse para perdoar, salvar e edificar, porque ele não fala aleatoriamente ou apenas por falar. Em cada expressão há um fundamento, em palavra um significado, é fiel e verdadeira, e não volta ao Pai vazia, ou sem sentido.
As últimas palavras de uma pessoa são sempre interessantes, especialmente quando se trata de alguém que marcou o seu tempo por tudo o que disse. Agostinho, que viveu no século IV, declarou: “A cruz onde Cristo foi crucificado e morto foi à cadeira do Mestre na sua aula final”. O próprio Jesus, ao ensinar a parábola da figueira, afirmou: “passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mt 24:35). Como será que estava o coração de Jesus durante suas últimas horas de vida? Em quem e no que será que Ele pensou naqueles momentos? Ao morrer, da forma como morreu, nos aproximou mais d’Ele, e cada vez que chegamos perto da cruz, O amamos ainda mais. Os evangelistas registram sete (07) últimas frases ditas por Jesus. As três (03) primeiras, proferidas durante as três primeiras horas de sua crucificação; as outras quatro (04), Ele as pronunciou numa rápida sucessão, nos momentos finais de sua agonia. Todas as frases são exclamações curtas. Vejam abaixo quais são:
1 - Palavra de Perdão – “Pai perdoa-­lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34). Esta oração é feita por Jesus em um momento de grande crise sob o ponto de vista humano. Do ponto de vista de Deus era um passo fundamental no cumprimento de seu plano, para resgate da humanidade. Considerando o contexto desta oração é possível destacar alguns pontos: Ela é o cumprimento da promessa de que o filho de Deus seria crucificado com pecadores (Is 53:12); Neste momento Jesus expõe publicamente o pecado dos judeus e ressalta que eles estão agindo por ignorância; Jesus dá o exemplo de que devemos interceder pelos nossos inimigos diante de Deus. A intercessão era um habito na vida de Jesus. Os textos abaixo mostram por quem Ele intercedeu: Pelos pecadores – Is 53:12 Pelos crentes fracos – Lc 22:32 Pelos inimigos – Lc 23:34 Para envio do Consolador – Jo 14:16
2 - Palavra de Certeza – Nesse quadro de sofrimento e dor é possível ver mulheres chorando, soldados zombando e sorteando a roupa de Jesus, o povo que há pouco gritara “crucifica-o” observando o que acontecia, autoridades zombando do Mestre, e uma inscrição que dizia em vários idiomas: “o rei dos judeus”. No meio de tudo isto, o escritor Lucas dá uma atenção especial a dois criminosos, crucificados um à direita e outro à esquerda de Jesus. E por algum tempo, o foco do texto se volta para o diálogo desses dois criminosos com Jesus. Um deles simplesmente zomba. O outro, reconhecendo sua própria culpa e pecado, mostra sua fé e faz um pedido: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc 23:42). A resposta de Jesus oferecia muito mais do que ele, provavelmente, esperava: “Eu lhe garanto: hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23:43). Com a segunda afirmação de Jesus na cruz aprendemos várias lições: a) Jesus tem autoridade suficiente para garantir salvação aos que se chegam a Ele; b)Jesus sempre oferece mais em suas respostas do que poderíamos esperar; c)a alma dos que morrem em Cristo não ficam vagando, mas vão diretamente para um lugar de gozo e felicidade; d)Deus está preocupado com todos, inclusive com os considerados excluídos pela sociedade.
3 - Palavra de Compaixão - A dor que Jesus estava sentindo, não somente na alma, mas no seu corpo era impossível de ser medida. Afinal, Ele carregava a dor da punição dos pecados do mundo inteiro. Por ser Deus e nos amar de forma incomensurável, foi à cruz de maneira voluntária, morrer por cada um de nós, inclusive por Maria, sua mãe aqui na terra. Jesus não se preocupou apenas com o perdão dos pecados de Maria, mas com ela integralmente. Nos últimos momentos de vida ele pensou em Maria, teve compaixão dela e entregou-a aos cuidados de João. Ela não pediu, Ele decidiu cuidar dela. Ela não exigiu, Ele voluntariamente resolveu agir em favor dela. E para quem Ele pediu? Para João. Mas logo João que o havia abandonado? João era o discípulo amado, que na hora do julgamento de Jesus, fugiu. Mas, a cruz sempre gera recomeço. A cruz, por causa da compaixão de Jesus, produz perdão de pecados e libertação de culpa. “Mulher aí está o teu filho, filho aí está tua mãe” (Jo 19:26-27) dito, provavelmente, de maneira ofegante, mostra que mesmo na hora da morte, Jesus manteve o foco nas pessoas. Existem muitas Marias ao nosso redor para serem cuidados. E não somente Marias, muitos Marios também. João foi restaurado quando se aproximou da cruz. A compaixão de Jesus também se estende a você, hoje.
4 - Palavra de Angústia – “Eli, Eli, lemá sabactâni, que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46). Este brado de abandono ocorreu no meio das trevas. É ele que nos faz penetrar no mistério do Deus sofredor. O texto sagrado nos diz que, por um ato divino sobrenatural, o sol se escondeu e, durante três horas, as trevas cobriram a terra. Naquelas horas de trevas, Jesus se tornou legalmente culpado por todos os nossos pecados. Pense nisso: legalmente culpado de imoralidade sexual, de impureza e libertinagem, de abuso de menores, de pedofilia, de adultério, de idolatria e feitiçaria, de ódio, de discórdias, de ciúmes, de ira, de egoísmo e inveja, de alcoolismo, de assassinato, de ganância e de coisas semelhantes. Podemos verificar que, de todos os registros de sua vida e ministério, somente neste momento Jesus se refere ao Pai como “Deus”. A mudança de tratamento demonstra a quebra de comunhão entre o Pai e o Filho, e essa era a razão de sua angústia. O abandono do Pai era o gole mais amargo do cálice que Jesus decidiu beber. O clamor de Jesus ecoa pelo universo, e Deus permanece em silêncio. Por quê? O abandono é necessário porque a santidade Deus não poderia conviver com os pecados do mundo, que agora estavam sobre os ombros de Jesus.
5 - Palavra de Humanidade – Este é um momento de grande sofrimento, Jesus foi abandonado pelo Pai. De repente ouvimos Sua voz: "Tenho sede". Por que será que o Homem Deus, Criador dos Céus e da Terra e de todas as fontes das águas pede de beber a pobre criatura humana? O que há por trás dessa expressão? O texto completo de João 19:28 diz: “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura disse: Tenho sede!” A sede que acompanhou os seus sofrimentos físicos na cruz, nos momentos finais de sua missão terrena, também cumpriu profecia do Antigo Testamento. Encontramos referências a esse respeito no livro de Salmos capítulo 69, versículo 21, e capítulo 22 versículo 15. A fadiga que o castigava, a tristeza que sobre Ele se abateu. O calor do dia e a perda de sangue foram, com certeza, as causas naturais da sede que Jesus sentiu. Quando na cruz do Calvário exclamou: “Tenho sede”, Jesus estava expressando sua humanidade plena. A expressão “Tenho sede!” não era uma reclamação, nem tampouco um pedido, era apenas a simples afirmação de um fato. A lição óbvia que daí podemos extrair é que Ele era de carne e osso. Jesus tinha fome e sede como nós, e é por isso que pode nos compreender e pode se compadecer de nós. Hebreus 4:15-16 diz: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas... Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Que curioso, “Tenho sede!” foi um comovente grito daquele que garantira ao longo de todo seu ministério: “o que crê em mim, jamais terá sede” - João 6:35; “aquele que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede” – João 4:14.
6 - Palavra de Vitória – A penúltima palavra de Jesus na cruz foi: “Está consumado” (Jo 19:30). Jesus foi um vencedor? Apesar de sua vida inteiramente dedicada à prática do bem e a despeito da enorme popularidade e admiração que gozava, os quatro narradores da vida de Jesus registraram que Ele morreu como um criminoso exposto entre dois malfeitores. A julgar pela aparência imediata, sua missão fracassou. Há uma enorme diferença entre “consumir” e “consumar”. Jesus Cristo consumiu a sua vida em prol dos outros. Ora uma palavra, ora um toque, ora um milagre, ora um olhar, sempre uma bênção. Jesus se consumiu para consumar. Cristo morreu para cancelar nossa dívida impagável com Deus (Cl 2:13-15) e ressuscitou para nos dar plenitude de vida (Jo 10:10). Nosso desafio é viver na contramão do desperdício da sociedade consumista. Viver para consumir não é “vida cristã”. Antes o seguidor de Jesus consome a vida andando nas boas obras que Deus lhe preparou de antemão (Ef 2:10). Jesus venceu. O que você fará com a sua salvação? Consumir as bênçãos da vida cristã ou consumar o propósito de Deus para a sua vida? Comece entregando-se como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Depois entregue seu esposo ou sua esposa. Entregue também os seus filhos a Deus. Ore para que você e sua família vivam menos para consumir e mais para consumar.
7 - Palavra de Celebração – Os inimigos de Jesus estavam festejando a morte do falso rei. Mas, na realidade, o que estava acontecendo ali era a vitória do Filho de Deus. Agora que havia consumado o seu trabalho aqui na terra, podia descansar. Esta última frase de Jesus era uma frase de vitória. Estas foram suas palavras derradeiras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46). É interessante notar que esta expressão está registrada no Salmo 31. As mães judaicas costumavam ensinar esta frase para seus filhos quando eles eram pequenos. As crianças repetiam-na antes de dormir. Há pouco Jesus havia dito: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Aquele era o momento da separação de Deus, por causa do pecado do mundo. Mas agora que a missão havia sido concluída, a relação com Deus estava de volta e ele, então, podia dizer: “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito”. Era como uma criança caindo no sono, nos braços seguros do Pai. Com esta frase Jesus ensina duas preciosas lições: 1) que nas mãos do Pai você pode entregar sua vida, pois ele acolhe, dá segurança, recebe você do jeito que você é, e está; 2) que Ele estava entregando nas mãos do Pai o seu espírito, porque o seu corpo seria enterrado dali a pouco, mas o seu espírito continuaria vivo. Mas assim como fez com Jesus, você pode ter certeza que as mãos de Deus estão abertas para receber o seu espírito, quando você morrer. Mas o que fará você ter acesso às mãos de Deus não é o fato de você ser membro de uma igreja, ou de frequentar os cultos todos os domingos, ou de ter sido batizado nas águas, ou de praticar o bem ao próximo. As mãos de Deus são abertas por causa da morte de Jesus em seu lugar. Foi o Senhor Jesus mesmo quem disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao pai se não por mim”. Assim como no sacrifício dos animais, para o perdão dos pecados do mundo era necessária a morte de alguém, puro, sem defeito. Somente Jesus foi assim.

2 comentários:

monikitaa disse...

ESTUDO TREMENDO E EDIFICANTE. A CRUZ É A MAIOR LIÇÃO DE VIDA E ENSINAMENTO DE JESUS PARA HUMANIDADE.E A MAIOR PROVA DE AMOR DE DEUS PARA COM O HOMEM.
GLEN MULLER.

Anônimo disse...

Há 30 anos servindo ao Senhor e aprendendo com seus braços na cruz,e mais uma vez crescendo com este aprendizado mais uma vez, grato por sua vida,que o Senhor Jesus continue te abençoando