Sinédrio |
A palavra Sinédrio, significa: conselho. Era esse
o nome do supremo tribunal dos judeus em Jerusalém nos tempos do Novo
Testamento. Pode ter alguma relação histórica com a primitiva assembléia dos
anciãos israelitas no período pré-monarquia, formalmente extinguida pelos
reis, embora não o tenha sido inteiramente de fato pela existência de cidades
contrárias à forma de governo monárquico. O rei Josafá parece ter-lhe dado de
algum modo a forma de um tribunal de justiça (2 Cr 19.8).
Os romanos permitiam aos judeus resolverem muitas
de suas questões religiosas e nacionais. Consequentemente existiam numerosos
sinédrios, ou seja, tribunais locais. Acima de todos eles, estava a corte
suprema dos judeus, o grande Sinédrio de Jerusalém. Esse Sinédrio chegava
mesmo a comandar uma força policial.
Não há referencias sobre o Sinédrio até o tempo de Antíoco, o Grande (246-226 a.C.), sendo então chamada GEROUSIA OU SENADO. Sabem-se que o Sinédrio era composto de 71 membros, escolhidos entre os varões eminentes, entre os quais estava o sumo sacerdote, pertencente também ao grupo, pessoas de relações deste.
COMPOSIÇÃO:
O
Sinédrio era comandado por um presidente que era o sumo sacerdote.
Normalmente os sumo sacerdotes eram do partido dos Saduceus, e eram os homens
mais poderosos do Sinédrio. O sumo sacerdote era o capitão do templo (Atos
5:24-26). Os
sacerdotes mais próximos do presidente do Sinédrio serviam de tesoureiros,
controlando os salários dos outros sacerdotes e monitorando a vasta quantia
de dinheiro que era arrecadada no Templo.
A
Segunda categoria principal dos membros do Sinédrio eram os anciãos. Esses
homens representavam a aristocracia sacerdotal e financeira na Judéia. Leigos
distintos como José de Arimatéia (Marcos 15:43), dividiam a visão
conservadora dos saduceus e davam a assembléia à diversidade de um parlamento
moderno.
Os
membros mais recentes do Sinédrio eram os escribas. A maioria deles eram
fariseus. Eles eram advogados profissionais treinados em teologia, direito e
filosofia. Eram organizados em grêmios e normalmente seguiam rabinos ou
professores célebres. Gamaliel, um escriba famoso do Sinédrio, que aparece no
Novo Testamento (Atos 5:34), foi o erudito que instruiu o apóstolo Paulo
(Atos 22:3).
FUNCIONAMENTO:
Por ser
o tribunal supremo da nação judia, tinha caráter tanto religioso quanto
secular, podia prender e coagir, mas não tinham poder para exercer penas
capitais, estas deveriam ser confirmadas pelo governador romano. O processo
para a condenação capital exigia o respaldo de duas testemunhas, eram ouvidos
primeiro os defensores do acusado. A sentença de absolvição podia ser
pronunciada no mesmo dia do processo, mas, a de condenação somente no dia
seguinte. A votação era simples, o membro ficava de pé, começando sempre
pelos membros mais novos. A condenação exigia a maioria acima de dois votos,
ou seja, mais de 51% dos votos. Para absolvição bastava maioria simples, ou
seja, 51% dos votos.
O
SINÉDRIO NOS DIAS DE JESUS:
Nós
sabemos mais sobre alguns aspectos do Sinédrio nos dias de Jesus do que
sabemos sobre ele antes ou depois. Uma coisa que sabemos é a extensão de sua
influência. Oficialmente, o Sinédrio só tinha jurisdição na Judéia. Mas na
prática ele tinha influência na província da Galiléia e até mesmo em Damasco
(Atos 22:5). O trabalho do conselho era basicamente julgar assuntos da lei
judaica quando surgiam discórdias. Em todos os casos, sua decisão era final.
Eles julgavam acusações de blasfêmia como nos casos de Jesus (Mateus 26:65) e
Estevão (Atos 6:12-14), e também participavam na justiça criminal.
Sobre a
pena capital, o filósofo judeu Filo, indica que no período romano o
Sinédrio podia julgar violações ao templo com pena de morte. Gentios que eram
pegos ultrapassando o recinto chamado de "Átrio dos
Gentios" eram avisados sobre uma pena de morte automática. Porém, o
Novo Testamento e o Talmude discordam de Filo nesse ponto de vista. No
julgamento de Jesus, as autoridades estavam convencidas em envolver o para
mandar matar Jesus (João 18:31). governador romano Pilatos. Parece que só ele
ou Herodes tinham poder
Mesmo
assim não há uma certeza, já que no caso de Jesus, havia a proximidade da
Páscoa. Como os judeus estavam em purificação para o evento, não queriam
“sujar” as mãos com uma execução. Isso pode explicar o fato deles terem
praticamente implorado a Pilatos a condenação e execução de Cristo, como se
não tivessem poder ou permissão para isso, e algum tempo depois o mesmo
Sinédrio condenou e executou Estevão. O certo é que não existe uma certeza do
poder de vida e morte do Sinédrio.
J. DIAS
Fontes:
Dicionário
Bíblico - Editora Didática Paulista
Panorama
do Novo Testamento – Editora Vida Nova
Novo
Dicionário da Bíblia – John Davis – Editora Hagnos
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